sábado, 2 de outubro de 2010

Manifesto em Defesa dos Animais

4 de OUTUBRO de 2010

MANIFESTO EM DEFESA DOS ANIMAIS

Desde 1930, em vários países do mundo, o dia 4 de Outubro é dedicado aos animais. Neste dia, são homenageados os nossos amigos animais que, infelizmente, continuam, ainda hoje, a ser desrespeitados por muitos humanos e nalguns casos por entidades públicas que deveriam dar o exemplo à restante sociedade.

Hoje, 4 de Outubro de 2010, o grupo de pessoas individuais e colectivas manifesta a sua preocupação relativamente as seguintes problemas e situações de maus tratos aos animais ao seguinte:

1- Abate de animais domésticos. Todos os anos ultrapassa largamente um milhar o número de animais de companhia (cães e gatos) que são abandonados, acabando na sua maioria por serem abatidos nos canis municipais ou atropelados nas estradas. O esforço que é feito pelas associações de protecção dos animais, que se debatem com faltas de meios e de apoios públicos, acaba por ser inglório pois através dele só uma pequena parte dos animais abandonados consegue um novo lar.

Não estando de acordo com a política seguida actualmente para combater o abandono que tem por principal pilar os abates, pois até hoje não tem resolvido nada, consideramos necessário que a nível regional seja lançada uma campanha de esterilização com vista a adequar o número de animais de companhia ao número efectivo de donos capazes de cuidar deles de forma responsável;

2- Promoção pública da tortura animal. Ao longo dos séculos da história dos Açores, a tauromaquia tem sofrido uma evolução no sentido da diminuição dos maus tratos aos touros, não constituindo qualquer tradição na maioria das nossas ilhas. Em 2009, contrariando a evolução que se assiste a nível internacional, onde aquela actividade é cada vez mais repudiada, e ao arrepio dos ensinamentos da própria história insular, um grupo de deputados pretendeu legalizar a sorte de varas. Gorada a sua intenção, a minoria de industriais que aposta no incremento da tortura animal, tenta ganhar adeptos sobretudo em São Miguel, tendo conseguido promover algumas touradas à corda com a colaboração sobretudo de autarquias e de comissões de festas de cariz religioso.

Considerando que as touradas, qualquer que seja o seu tipo, em nada contribuem para educar os cidadãos e as cidadãs para o respeito aos animais, para além de causarem maus tratos aos mesmos e porem em risco a vida das pessoas, não podemos admitir a na sua realização sejam usados dinheiros públicos;

3- Mortalidade provocada na fauna selvagem. O cagarro é uma ave oceânica que vem a terra apenas durante a época de reprodução. Este período decorre entre Março e Outubro, altura em que as crias já suficientemente desenvolvidas partem com os seus progenitores em direcção ao mar, dispersando-se pelo Oceano Atlântico e regressando apenas no próximo ano. Realizando-se a sua partida de noite, muitas crias são atraídas pelas luzes das nossas vilas e cidades, acabando por cair em terra e ser frequentemente atropeladas se não forem ajudadas.

Considerando a importância que o salvamento do maior número de cagarros tem para a conservação da natureza e o respeito pelos animais, apelamos à participação de todos nas campanhas que ainda este mês serão postas em marcha pelas mais diversas entidades, nomeadamente pelas organizações não governamentais de ambiente.

4- Cativeiro de animais não domésticos. A criação de parques zoológicos nos séculos passados respondia ao propósito de mostrar ao público uma colecção de animais exóticos que de outra maneira nunca seriam vistos nem conhecidos. Na actualidade isto deixou de fazer qualquer sentido. Agora as leis exigem obrigatoriamente aos parques a realização de programas de conservação, educação ambiental e bem-estar animal. Como consequência disto, nos Açores têm vindo a ser fechados núcleos zoológicos que incumpriam estas exigências. No entanto, ainda continua a existir um núcleo zoológico na Vila da Povoação (São Miguel).

Apesar do referido parque encontrar-se já embargado pelas autoridades e apesar de ser de titularidade pública, o recinto continua ainda hoje aberto ao público. Pelo manifesto desrespeito às leis e aos animais, consideramos que o parque deve ser imediatamente fechado e os animais conduzidos a umas instalações apropriadas que garantam o seu bem-estar.

5- Modelos intensivos de produção animal. A exploração agrícola de animais constitui historicamente um importante sector económico nas nossas ilhas. Se bem que os relatos de maus tratos a estes animais têm vindo a diminuir nas últimas décadas, evidenciando uma notável evolução da sociedade, subsistem ainda bastantes situações penosas. Para além disso, a introdução de técnicas de produção intensiva tem vindo a piorar as condições de vida de muitos deles, limitando a sua vida ao reduzido espaço duma gaiola.

Tendo em conta a imagem de proximidade à natureza que tanto caracteriza os Açores no exterior, consideramos que se deve reforçar o modelo tradicional de criação de animais, modelo que garante sempre a mais alta qualidade. Devem também ser criadas e publicitadas novas formas de certificação nas explorações que valorizem devidamente ante o consumidor os seus níveis de qualidade ambiental, alimentar e de respeito pelo bem-estar animal.

6- Falta de respeito com a vida animal. Numa sociedade em que tudo se compra e se vende, os animais são tratados muitas vezes como simples mercadorias e rebaixados à categoria de simples objectos. Só uns poucos animais domésticos conseguem as vezes escapar a esta visão. Na realidade, como já foi demonstrado pela ciência há longos anos, os animais são os irmãos com os quais o homem comparte a natureza. O desrespeito para com os animais é também o desrespeito para com os homens, como partes integrantes da mesma natureza.

Consideramos que o tratamento legal dado aos animais deve fugir da visão redutora que os converte em simples objectos. A nossa sociedade deve evoluir para padrões éticos nos quais os animais sejam respeitados em conformidade com a Declaração Universal dos Direitos dos Animais.

Açores, 4 de Outubro de 2010

Subscritores colectivos:

Grupo pelo Bem-Estar Animal, Amigos dos Açores – Associação Ecológica

CADEP-CN (Clube dos Amigos e Defensores do Património – Cultural e Natural de Santa Maria)

APA – Associação Açoriana de Protecção dos Animais

Amigos da Caldeira de Santo Cristo, Ilha de São Jorge

Gê-Questa – Associação de Defesa do Ambiente

CAES- Colectivo Açoriano de Ecologia Social

Subscritores individuais (por ordem alfabética):

Adelino Luís da Câmara Alves

Afonso Pereira Bernardino

Alberto Carlos Marques Duarte

Alberto Francisco Albertino Monteiro

Alexandra Patrícia Soares Manes

Amália Rosa

Ana Cadete

Ana Catarina Cantante dos Santos

Ana Catarina Soares Carreiro

Ana Cláudia Martins de Melo

Ana Sofia Ferreira

Ana Teresa Fernandes Simões Ribeiro

André Filipe Cabral Leite

Andre Correia

Andrea Fernandes Simões Ribeiro

Andreia Soares de Jesus Leite

António Eduardo Soares de Sousa

António Humberto Serpa

António M. F. Cabral

Arlinda Maria Garcia da Fonte

Armando B. Mendes

Baltasar Ornelas Pinheiro

Bárbara Jacob Oliveira

Bárbara P. Bernardino

Carla Cabral

Carla Viveiros

Carlos Bruno Castanha Gomes

Carlos Couto

Catarina Furtado

Cecília Santos Alves

Cecília de Sousa Melo- Terceira

Cidalina do Carmo Lopes Gomes

Clara Raquel Reis Patuleia

Cláudia Albasini

Cláudia Emanuela Vieira Tavares

Cláudia Moniz Tapia

Clara Cymbron

Conceição Melo

Constança Pereira Quaresma

Cristina D’Eça Leal Soares Vieira

Cristina Sofia da Costa Oliveira Machado – Professora – Pico da Pedra

David Santos

Deborah da Cunha Estima

Décio Almada Pereira

Diamantina Barbosa

Diogo Pereira Bernardino

Dolores Oliveira

Duarte Sousa

Edgar Coutinho

Eliene Narducci

Elsa Lobo Ferreira

Elvira Dias de Almeida

Elvira Lameiras

Emanuel de Jesus Ferreira Carreiro

Emília Maria Mendonça Soares

Esmeralda Raposo

Eva Almeida Lima

Evaristo Melo

Filipa D’Eça Leal Soares Vieira Ferreira de Pina

Francisco Luís do Rego Soares Raposo

Gabriela Mota Vieira

George Robert Hayes

Gilberto Melo Pacheco

Gonçalo de Portugal

Helena Alexandra Frazão Tavares

Helena Cabral

Helena Maria Carreiro

Helena Melo Medeiros, S. Miguel

Isabel Marques Ribeiro

Isabel Velho

Inês Barbosa

Joana Augusto Gil Morais Sarmento, Angra do Heroísmo

Joana de Jesus Lopes

Joana D’Eça Leal Soares Vieira da Costa Pereira

João Carlos da Silva Abrunhosa de Carvalho, Ponta Delgada

João Luís Coutinho

João Luis de Sousa Rebelo

João Manuel Hipólito Manes

João Silveira Sousa

Joaquim Alberto Pereira Bernardino

Joaquim Maria Reis Patuleia Pessoa de Moraes

Jorge Manuel Melo Amaral

José António Resendes

José de Andrade Melo – Professor -Santa Maria

José Manuel N. Azevedo

José Melo

José Moniz Pimentel

Jessica Ann Ferreira

Katerina L´dokova

Laura Paiva

Leonor Pereira Bernardino

Lúcia Maria Oliveira Ventura

Lúcia Travassos

Luís Alberto da Silva Bernardo

Luis Barbosa

Luís Filipe dos Santos Resendes

Luís Manuel Amorim Cordeiro

Luís Manuel Garcia

Luís Miguel Mendonça

Margarida Hilário

Maria Alexandra Janes Morais Cardoso Baptista

Maria Alice de Medeiros Barbosa

Maria do Carmo Barreto

Maria Conceição Salgadinho

Maria Gabriela Serra Medeiros Oliveira – Bióloga – Ponta Delgada

Maria Goretti Medeiros Sebastião

Maria Helena D’Eça Leal

Maria João Fernandes Lopes

Maria José Milheiro

Maria Luisa Rocha Moniz Borges de Sousa

Maria Manuela Carreiro Machado

Maria Natália Melo

Maria Zita Santos Raposo Correia

Maria Vieira Soares

Marina Sécio

Mário Jorge Furtado Arruda

Mario de Sousa Borges

Marta Elisa dos Santos Dutra

Miguel Franco Wallenstein Teixeira

Mónica Sofia Rodrigues da Cunha Azevedo

Nélia Maria Torres Melo

Nelson Correia

Olga Margarida Gomes Miranda Cordeiro

Patrícia Fraga Serra

Paula Cristina Vieira Tavares

Paula Curi Garnet Andrade Melo – Jurista – Santa Maria

Paulo A. V. Borges

Paulo Jorge Simas Correia

Paulo Mota Machado Bermonte

Pedro Leite Pacheco

Pedro Miguel Baptista Pacheco

Raquel Ramos

Rita Patuleia P. Bernardino

Rui Andrade Lopes

Sandra Câmara

Sara Margarida Correia Cabral

Selma Maria Rezendes Cordeiro

Sérgio Diogo Caetano

Silvia Borges

Sílvia Melo

Sizaltina Rego

Sónia Borges

Sonia Lisboa

Susana Pereira

Teófilo José Soares de Braga

Tiago Patuleia

Vanda Veloso

Vera Sousa

Vitor Correia

Vitor Hugo

Zulmira Almeida

(Última actualização – 2 de Outubro 12:00)

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